Filha de Iris Rezende, Ana Paula confirma pré-candidatura em 2026 e reabre o xadrez da majoritária em Goiás

O movimento, tratado nos bastidores como mais um passo rumo à chapa majoritária, pressiona o MDB e altera o cálculo de alianças da base governista.

Ana Paula Rezende | Foto: Instagram/Ana Paula Rezende

A advogada e empresária Ana Paula Rezende, filha do ex-governador e ex-prefeito de Goiânia Iris Rezende Machado, afirmou que será pré-candidata nas eleições de 2026, embora ainda não tenha definido o cargo. A sinalização, feita em conversa com a imprensa local, recoloca seu nome no centro do debate político goiano, agora em um momento em que o tabuleiro começa a se organizar para a sucessão estadual e para a disputa ao Senado.

Segundo o relato publicado, Ana Paula declarou que colocou o nome “à disposição” com o objetivo de contribuir com o Estado e preservar o legado político de Iris, destacando que vive um período de reflexão e diálogo interno no MDB antes de bater o martelo sobre qual projeto eleitoral assumirá.

O contexto: de “herdeira natural” a protagonista de uma cobrança interna no MDB

A entrada de Ana Paula no debate eleitoral não começa do zero. Nos últimos anos, ela passou a ocupar papel visível na preservação da memória do pai, liderando iniciativas ligadas ao Instituto Iris Rezende e ao Memorial Iris Rezende. Em novembro, por exemplo, a Assembleia Legislativa suspendeu sessão para ouvi-la na tribuna, ocasião em que ela defendeu o memorial e relatou episódios da trajetória de Iris; deputados também mencionaram destinação de emendas para viabilizar a conclusão do projeto.

Esse histórico é relevante porque, nos bastidores, a construção do memorial aparece como um dos pontos de atrito e de expectativa de apoio político-partidário. Reportagem recente aponta que Ana Paula tratou diretamente do tema com o vice-governador Daniel Vilela, presidente estadual do MDB, em reunião descrita como tentativa de “aparar arestas”, incluindo cobranças por maior envolvimento do partido e do governo com o memorial.

Por que o anúncio mexe com a majoritária: a segunda vaga do Senado como centro de gravidade?

Embora Ana Paula não tenha cravado o cargo, a leitura predominante no noticiário político é que seu nome gravita em torno da disputa ao Senado, justamente onde há maior sensibilidade estratégica. Uma análise publicada no início do mês sustenta que ela teria reafirmado a Daniel Vilela a intenção de buscar a “segunda vaga” ao Senado pelo MDB, tratando a construção dessa candidatura como projeto conjunto do partido.

Nesse desenho, a tensão é objetiva: a base governista trabalha com a ideia de que uma das vagas ao Senado já estaria no radar de aliados prioritários, e a outra tende a ser usada como moeda de composição para ampliar palanque e coalizão para 2026. É exatamente esse espaço, a vaga “em aberto”, que se torna mais disputado com a entrada de um sobrenome de alto recall eleitoral como o de Iris Rezende.

A consequência imediata é dupla: interna, porque pressiona o MDB a dar caminho e estrutura (ou, no mínimo, método) para um nome com peso simbólico dentro da própria legenda, e externa, porque altera o cálculo de partidos que negociam apoio à sucessão estadual, já que a configuração do Senado influencia diretamente as alianças para o Palácio das Esmeraldas.

O que ainda está indefinido, e por que isso importa?

O ponto central, por ora, é que não existe anúncio de cargo. Ao manter a decisão em aberto, Ana Paula preserva margem para medir viabilidade (inclusive por pesquisas), negociar espaço partidário, escolher entre uma disputa majoritária (Senado) ou proporcional (deputada federal ou estadual), a depender do desenho de alianças e do custo de entrada na campanha.

Essa indefinição foi explicitada no registro do anúncio: a pré-candidata confirmou que será candidata, mas afirmou que o cargo ainda não foi definido.

Leituras políticas: capital simbólico alto, mas com custo de coordenação

Há uma aposta recorrente no argumento do capital simbólico associado a Iris Rezende (memória afetiva, imagem de gestor popular e legado de obras) como ativo eleitoral transferível ao menos em parte. Uma análise recente sintetiza essa leitura ao afirmar que Ana Paula entraria na disputa impulsionada por esse capital e que a eleição de 2026 tende a ser marcada por elevada “liquidez” e disputa por indecisos, o que favorece nomes com reconhecimento prévio.

Por outro lado, o mesmo noticiário mostra que o ambiente não é de unanimidade: há reações críticas e tentativa de desidratar a viabilidade do projeto, indicando que a pré-candidatura já nasce como objeto de disputa pública, não apenas de bastidor.

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