O Flamengo bateu na trave do “mundo de novo”, mas ficou com o vice-campeonato da Copa Intercontinental ao ser derrotado pelo Paris Saint-Germain nos pênaltis, nesta quarta-feira (17), no Estádio Ahmad bin Ali, em Al Rayyan, na região de Doha. No tempo normal e na prorrogação, o duelo terminou 1 a 1. Nas penalidades, o PSG venceu por 2 a 1, com atuação determinante do goleiro Matvey Safonov, que defendeu quatro cobranças rubro-negras.
A final teve roteiro de tensão, com alternância de momentos e influência direta do VAR em lance capital ainda no início. Aos oito minutos, o PSG chegou a abrir o placar após uma falha de Rossi ao tentar evitar a saída de bola e entregar nos pés de Fabián Ruiz, mas a arbitragem anulou o gol após revisão, apontando que a bola havia saído antes da conclusão.
Apesar do susto, o time francês manteve o controle das ações na primeira etapa, com forte marcação e mais posse de bola. A pressão se converteu em vantagem aos 37 minutos, em jogada pela direita: Doué cruzou rasteiro e Kvaratskhelia finalizou para as redes, em lance no qual Rossi ainda tocou na bola e acabou, sem querer, ajeitando para o atacante.
Mudança de cenário no segundo tempo
O Flamengo voltou do intervalo ainda com dificuldades para sustentar sequências de posse, mas ganhou presença ofensiva com ajustes e com a entrada de Pedro, que passou a dar referência ao ataque e a empurrar o time alguns metros adiante. A partir daí, o jogo mudou de tom: o Rubro-Negro passou a ocupar mais o campo do PSG e encontrou o empate em um lance revisado pelo VAR.
Aos 14 minutos da etapa final, Arrascaeta invadiu a área e caiu após disputa com Marquinhos. Após checagem, o árbitro marcou pênalti. Jorginho cobrou com categoria, deslocou o goleiro e recolocou o Flamengo na disputa direta pelo título: 1 a 1.
O empate abriu um período de maior equilíbrio. O Flamengo voltou a ameaçar em transições e jogadas mais diretas, enquanto o PSG tentou responder, mas já sem a mesma fluidez inicial. Ainda no fim do tempo normal, os franceses tiveram chance clara após Rossi não afastar bem e a bola sobrar para Dembélé, mas a sequência não terminou em gol.
Prorrogação e decisão dramática nos pênaltis
Na prorrogação, o PSG teve mais domínio territorial, mas sem transformar controle em finalizações realmente conclusivas. O Flamengo resistiu, contou com intervenções importantes do sistema defensivo e levou a decisão para os pênaltis. Cenário em que o goleiro Safonov foi o protagonista absoluto da noite.
Nas cobranças, o roteiro foi cruel para o Rubro-Negro: apenas De La Cruz converteu. Saúl, Pedro, Léo Pereira e Luiz Araújo pararam em Safonov. Pelo lado parisiense, Vitinha e Nuno Mendes marcaram; Dembélé e Barcola desperdiçaram, mas o PSG fez o suficiente para fechar o placar em 2 a 1.
O que este vice deixa de lição
A derrota não apaga a competitividade do Flamengo no jogo grande, especialmente pela reação no segundo tempo, mas expõe um alerta inevitável: em finais globais, detalhes decidem. E, desta vez, os detalhes pesaram contra o Rubro-Negro em dois níveis: a instabilidade em lances de área (com Rossi vivendo momentos decisivos, inclusive um gol anulado pelo VAR antes de falhar novamente no lance do 1 a 0) e a execução nas penalidades, onde a frieza do PSG e a leitura de Safonov definiram o título.
Há, ainda, um debate que deve seguir na temporada: o desenho da Copa Intercontinental e a assimetria esportiva que ele produz. O Flamengo precisou atravessar o caminho até a final, passando por Cruz Azul e Pyramids, enquanto o PSG, como campeão europeu, entrou diretamente na decisão. É um formato que favorece o representante da Europa e que, na prática, amplia a exigência física e competitiva para quem vem do “lado de baixo” da chave.
Por fim, para além da rivalidade simbólica que sempre envolve um duelo Sul-Americano x Europeu, a própria discussão sobre “ser ou não ser Mundial” também ganha contornos oficiais: a Fifa equipara a Copa Intercontinental às versões anteriores do torneio anual global de clubes, o que reforça o peso histórico do troféu. Para o Flamengo, portanto, não foi “só um vice”: foi a chance real de acrescentar um título de alcance mundial à galeria, e ela escapou no momento mais imprevisível do futebol.
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