O Flamengo é novamente dono da América. Na noite deste sábado (29), no Estádio Monumental, em Lima, o Rubro-Negro venceu o Palmeiras por 1 a 0, gol de Danilo, e conquistou a Copa Libertadores de 2025. Além do título, a vitória coloca o clube em um patamar histórico: o Flamengo se tornou o primeiro time brasileiro tetracampeão da competição, com taças em 1981, 2019, 2022 e agora 2025.
A final marcou a reedição da decisão de 2021, quando o Palmeiras levou a melhor em Montevidéu. Em Lima, porém, o roteiro foi diferente. Em um jogo tenso e de poucas chances, o Flamengo foi mais incisivo, controlou os principais momentos da partida e foi premiado com o gol de cabeça de Danilo, após cobrança de escanteio de Arrascaeta, aos 21 minutos do segundo tempo.
Com o resultado, o clube da Gávea também se isola como o maior campeão brasileiro da história da Libertadores, à frente de Palmeiras, Grêmio, Santos e São Paulo, todos com três títulos.
O jogo da “Glória Eterna” em Lima
Desde o apito inicial, ficou claro que seria uma final diferente da de 2021. O Flamengo, comandado pelo agora técnico Filipe Luís, adiantou suas linhas, pressionou a saída palmeirense e tentou explorar a criatividade de Arrascaeta e a velocidade pelos lados, com Bruno Henrique e companhia. O Palmeiras, de Abel Ferreira, respondeu com marcação forte, transições rápidas e bolas longas procurando Vitor Roque e Flaco López.
O primeiro tempo foi truncado, com poucas oportunidades claras. O Flamengo finalizou mais, sobretudo em chutes de média distância, mas esbarrou na boa atuação defensiva alviverde. O Palmeiras, por sua vez, teve dificuldades para encaixar as jogadas que o tornaram temido durante toda a campanha, muito pela intensidade da marcação rubro-negra.
Na etapa final, o cenário mudou a partir da bola parada. Após escanteio cobrado por Arrascaeta, Danilo subiu livre na área e testou no canto direito de Carlos Miguel, abrindo o placar e levando a torcida rubro-negra ao delírio em Lima. O zagueiro repetiu um roteiro pessoal: 14 anos depois de decidir a Libertadores de 2011 pelo Santos, voltou a ser herói em uma final continental.
Atrás no marcador, o Palmeiras se lançou ao ataque. Abel Ferreira adiantou suas peças, povoou a área flamenguista e tentou pressionar com cruzamentos e bolas aéreas. O time paulista teve uma grande chance com Vitor Roque, que quase empatou em finalização de dentro da área, mas o Flamengo resistiu até o fim, ainda encontrando espaço para contra-ataques que quase resultaram no segundo gol.
A trajetória do Flamengo até o tetracampeonato
A caminhada rubro-negra na Libertadores 2025 não foi linear, mas foi marcada por amadurecimento e solidez defensiva. O Flamengo caiu no Grupo C, ao lado de Deportivo Táchira (VEN), Central Córdoba (ARG) e LDU (EQU).
- Estreou com vitória por 1 a 0 sobre o Deportivo Táchira, na Venezuela.
- Em seguida, sofreu uma derrota surpreendente por 2 a 1 para o Central Córdoba, no Maracanã.
- Na terceira rodada, empatou em 0 a 0 com a LDU, em Quito.
- No returno, empatou em 1 a 1 com o Central Córdoba fora de casa e, diante da torcida, venceu a LDU por 2 a 0 e o Táchira por 1 a 0.
Com 11 pontos, o Flamengo avançou em segundo lugar do grupo, atrás da LDU apenas pelo saldo de gols. A partir do mata-mata, porém, a equipe de Filipe Luís encaixou seu melhor futebol:
- Oitavas de final – Internacional (BRA): vitória por 1 a 0 no Maracanã e 2 a 0 no Beira-Rio, garantindo 3 a 0 no agregado.
- Quartas de final – Estudiantes (ARG): triunfo por 2 a 1 no Rio e derrota por 1 a 0 em La Plata, com classificação nos pênaltis após atuação segura do sistema defensivo.
- Semifinal – Racing (ARG): vitória por 1 a 0 no Maracanã e empate em 0 a 0 no “El Cilindro”, em Avellaneda, em um duelo de muita tensão.
Ao todo, antes da final, o Flamengo somava sete vitórias, três empates e duas derrotas, com 12 gols marcados e apenas cinco sofridos, evidenciando a consistência defensiva como marca da campanha.
A campanha dominante do Palmeiras até Lima
Se o Flamengo construiu sua trajetória na solidez, o Palmeiras chegou a Lima sustentando uma das campanhas mais dominantes da história recente da competição. No Grupo G, enfrentando Sporting Cristal (PER), Cerro Porteño (PAR) e Bolívar (BOL), o Verdão venceu os seis jogos, fez 17 gols e sofreu apenas quatro, terminando a fase de grupos com 100% de aproveitamento e a melhor campanha geral da Libertadores.
Os números impressionam:
- 3 a 2 sobre o Sporting Cristal, em Lima;
- 1 a 0 contra o Cerro Porteño, em São Paulo;
- 3 a 2 diante do Bolívar, na altitude da Bolívia;
- 2 a 0 no Cerro, em Assunção;
- 2 a 0 sobre o Bolívar, no Allianz Parque;
- 6 a 0 no Sporting Cristal, em São Paulo, para fechar a fase em grande estilo.
No mata-mata, o Palmeiras confirmou o status de candidato ao título:
- Oitavas de final – Universitario (PER): goleada por 4 a 0 em Lima e empate em 0 a 0 no Allianz, com classificação sem sustos.
- Quartas de final – River Plate (ARG): duas vitórias contundentes: 2 a 1 no Monumental de Núñez e 3 a 1 em São Paulo, com show da dupla Vitor Roque e Flaco López.
- Semifinal – LDU (ECU): derrota pesada por 3 a 0 em Quito, seguida por uma virada histórica com vitória por 4 a 0 no Allianz Parque, em uma das grandes noites de Libertadores do clube alviverde.
Essa trajetória alimentou o sonho palmeirense de se tornar o primeiro brasileiro tetracampeão da Libertadores – objetivo que acabou sendo interrompido justamente na decisão contra o Flamengo.
Tetra histórico, hegemonia brasileira e próximos passos
Com o título em Lima, o Flamengo amplia o período de hegemonia brasileira na Libertadores — o troféu de 2025 mantém a sequência de conquistas do país no torneio nos últimos anos e ajuda o Brasil a igualar a Argentina em número de títulos continentais.
O tetracampeonato garante ao Rubro-Negro:
- vaga na Copa Intercontinental de 2025, contra o campeão da Concacaf;
- presença na Recopa Sul-Americana de 2026, contra o vencedor da Copa Sul-Americana 2025;
- classificação direta para a fase de grupos da Libertadores 2026;
- participação no próximo Mundial de Clubes da FIFA em novo formato.
Individualmente, o título consagra a geração multicampeã rubro-negra, que desde 2019 acumula taças nacionais e continentais, e coloca Filipe Luís em um grupo seleto de personagens que levantaram a Libertadores como jogador e como treinador.
Do outro lado, o Palmeiras deixa Lima com a frustração pela derrota, mas com uma campanha que reforça o clube como potência continental — melhor campanha na fase de grupos, virada histórica nas semifinais e elenco competitivo que deve seguir brigando pelos principais títulos nos próximos anos.
Em uma final carregada de simbolismo, o Flamengo não apenas deu o troco de 2021, como também escreveu uma página inédita na história do futebol brasileiro. A partir de agora, qualquer conversa sobre Libertadores e hegemonia no continente passa, inevitavelmente, pelo tetracampeão rubro-negro.
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