Lula celebra fim do tarifaço dos EUA e aposta no discurso do “respeito entre países”

Em evento em São Paulo, presidente comemora revogação das sobretaxas americanas e tenta transformar recuo de Trump em capital político junto ao agro e à indústria.

Lula | Foto: Reprodução/Instagram

Minutos após a confirmação de que os Estados Unidos revogaram a última parte do tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) celebrou publicamente a decisão. Em discurso na abertura do Salão do Automóvel, em São Paulo, Lula afirmou estar “feliz” com o desfecho e atribuiu o recuo de Washington ao diálogo e ao respeito entre países.

A revogação encerra o pacote tarifário que havia sido imposto ao longo de 2025 pelo governo Trump, em meio à crise diplomática desencadeada pelas críticas do americano ao processo judicial que culminou na condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro. A sobretaxa de 40%, somada a uma tarifa recíproca de 10%, elevou a tributação sobre produtos brasileiros para 50% e atingiu fortemente o agronegócio e setores industriais.

Ao comentar o tema, Lula buscou ressaltar sua estratégia de recompor pontes com os EUA sem abrir mão do discurso de soberania. O presidente já havia se posicionado contra o tarifaço em ocasiões anteriores e acionou foros internacionais de comércio, mas, nos bastidores, manteve canais de negociação direta com Trump, incluindo telefonemas e encontros bilaterais.

Politicamente, o fim das sobretaxas oferece ao Planalto um duplo ganho: de um lado, permite apresentar a medida como vitória concreta para o agro e a indústria exportadora; de outro, reforça a narrativa de que a diplomacia brasileira pode obter resultados mesmo com governos ideologicamente distintos. Em ano pré-eleitoral, a reaproximação com o setor produtivo – especialmente com segmentos do agronegócio historicamente críticos ao governo petista – é vista como peça importante na estratégia de Lula para ampliar sua base de apoio.

Ao mesmo tempo, a crise de 2025 deixa cicatrizes: parlamentares e entidades empresariais cobram uma política de Estado para diversificar mercados e evitar que a dependência de poucos parceiros transforme tarifas em instrumento de pressão política.

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